Quarto da Johanna

O carro parou na frente da minha casa, ela ficava junto as maiores casas da Capital, porém vivia vazia, minha irmã não parava em casa e eu poucas vezes ia lá, estranho que naquele último mês eu tinha passado todo em casa, não era de meu costume fazer isso, mas estava fazendo e em todo esse tempo, não tivera notícia dos meus pais em momento algum. Eu tinha me acostumado a ficar sozinha, tinha me acostumado desde os 10 anos a ter uma família ausente, agora eu nem me importava mais.

Eu estava pensando no que dizer sobre Jason pra ele, Jason morrera na edição anterior a dele, era claro que ele tinha ouvido falar. - Jason foi uma companhia pra mim no começo, ele e eu nos conhecemos no refúgio e foi legal não ficar sozinha. - Subia as escadas calmamente passando pelas minhas lembranças de coisas que tinha passado com Jason. - Dois anos após a nossa amizade uma coisa a mais começou a brotar, a gente acabou se amando, eu tinha um motivo pra fugir, pra ser feliz. - Chegamos ao topo da escada, olhei pro corredor principal onde meu quarto ficava, meus passos eram lentos e certeiros, eu alcançaria meu quarto logo. - Eu não precisava mais da morfina, ele era meu, eu era dele. - Cheguei a porta do meu quarto, minha mão tocou a maçaneta, ela estava fria como gelo, foi um breve choque de temperatura. Quando abri a porta um perfume bateu contra meu rosto, sorri tendo algumas lembranças imediatas de mim e de Mell, me aproximei da cama e me sentei. - Por fim ele foi escolhido pros jogos a quatro anos e morreu brutalmente sem nem poder se despedir, desde então eu me entrego totalmente e música. - Tentei sorrir mas era difícil perante a algumas coisas que já haviam me ocorrido.

Eu não amava mais Jason, eu aprendi a deixar as coisas no passado por mais que elas doessem, e como elas doíam tanto, só eu sabia como era difícil ter pesadelos a noite com Jason me chamando " Johanna, por que você me deixou?" era difícil lembrar quantas vezes isso tinha ocorrido, e era mais difícil ainda me entregar a outro depois dele, aí já se foram quatro anos e eu ainda permaneço sofrendo e pensando.

-Jason faz parte do meu passado, não tem como esquecer essas coisas, as vezes acho preciso de algum sentimento tão forte como o que eu tinha com ele pra superar isso, o amor pela música tem quase esse efeito mas não é tanto assim. - Fiquei pensando na sensação que eu sentia quando tocava pro público da Capital,e uma vez no D1 foi legal,eu esquecia dos problemas, eu não era mais "Johanna a garota problema" eu era "Johanna a garota sem medos". Ele estava tão perto que sentia seu perfume, um perfume que me envolveu por um instante, não o suficiente, ele se separou antes, senti-me estranha por um momento, não o queria longe, o queria mais perto, "O que está fazendo Johanna?" Minha consciência tentava inutilmente me avisar que não ia dar em boa coisa, mas eu já estava cansada da morfina, precisava de outro vício que sabe ele não fosse meu outro vício, nem que fosse ter só sua amizade. - Não vá, fique por favor, não te quero longe. - Segurei-lhe pelo braço, a luz baixa do quarto deixava o momento mais tenso ainda, me deixava com aquele frio estranho na barriga, me fazia querê-lo cada vez mais, droga! - Não me deixa sozinha. - As palavras escaparam dos meus lábios como um pedido de socorro,socorro pra que ele não fosse, ficasse.

As palavras dele doeram um tanto demais, me corroeram por dentro, senti um vazio por um só segundo, estava me culpando por dentro, sabia que não deveria me abri de novo. Respirei fundo passando a mão nos cabelos, os joguei pra trás, lágrimas caíam pelo meu rosto, não me importei com elas, minha cabeça estava afundada em um milhão de pensamentos, os passos dele cada vez mais longe só me fazia querer mais e mais esquecer aquilo dentro de mim.

Respirei fundo, olhei em volta por alguns segundos, as lágrimas ainda caíram,por meros instantes pensei no que fazer naquela semana, não tinha shows nem nada, iria dormir por semanas com sorte. Escutei um barulho de passos se aproximando, estaria pronta pra bater no sujeito caso fosse alguém que que quisesse me fazer mal, ergui a cabeça e meus olhos encontraram os olhos dele, foi tudo tão rápido, ele entrelaçou seus dedos da não direita em meu cabelo, puxou-me pra perto, senti seu perfume novamente, dessa vez estava totalmente envolvida. Sua mão esquerda passou por minha cintura trazendo-me pra perto e colando nossos corpos em um movimento rápido, nossos lábios foram colados por um beijo no começou bruto mas alguns segundos depois, ainda agitado e ritmado, mas repleto de sentimentos. Os lábios dele eram doces e macios, me viciaram no segundo em que eles tocaram os meus, naquele momento estávamos ligados de uma forma,ele era só meu e eu só dele.

Minha mão direita envolveu-se nos cabelos dele, em um pedido que não fugisse e sim ficasse cada vez mais perto, não fosse de outra, fosse só meu, eu sou egoísta, não divido nada, só o meu belo rosto com a Mell, mas é obra do destino. Me separei dele por alguns segundos,faltava-me ar, olhei-o nos olhos, eu não conseguia resistir a eles, era como se me pedissem pra beijá-lo de novo, de novo e de novo. - Idiota ... - Mordi o lábio, tentei piscar, mas estava vidrada em seus olhos. Puxei-o pela gola da camisa alguns passos atrás, minhas costas encostaram na parede, canto do quarto onde a luz era mais fraca, perto do interruptor, onde todas aquelas luzinhas que davam luz a meu quarto eram ligadas, meus dedos tocaram o interruptor de leve, então tudo ficou escuro, sorri baixo e a única coisa que eu ouvia eram nossas respirações, minha mão percorreu a parede, a mão livre, pois a outra ainda o segurava pela gola da camisa. No interruptor ao lado meus dedos exitaram um pouco até eu apertar, as cortinas se abriram e a janela também, a luz da lua invadiu o quarto por completo. Encostei a palma da mão em seu peito empurrando-o de leve pra trás, até o derrubá-lo sobre minha cama, foi estranho ela não estar repleta de coisas, geralmente estava, eu a tinha arrumado antes de sair, outra coisa estranha. Subi sobre ele, meu rosto já estava quase tocando o seu, nossas respirações se misturavam. - Não vou te deixar ir embora. - Eu podia ver os olhos do mentor, a luz da lua deixava as coisas mais claras, mais interessantes. Meus lábios tocaram os deles, o beijo dessa vez foi mais lento, mas com a mesma vontade de antes, eu não usaria mais morfina, Lyon era meu novo vício.

Sabe quando se é criança e se é altamente egoísta? Eu era assim, eu era a criança e ele meu brinquedo, só meu de mais ninguém, não o largaria, não o trocaria ele era só meu e pronto,sacou minha lógica? Eu queria ele mais pra mim a cada segundo, não queria soltar, queria ter o corpo dele colado ao meu, senti seu cheiro e o gosto dos seus beijos, queria não parara mais mesmo que minha busca por ar pedisse, queria continuar ali, beijando-o sem pensar no amanhã, fazendo o que me desse na cabeça, mesmo que o que me viesse na cabeça fosse deveras errado e depravado.

-O que vamos fazer agora? - Ele estava sobre mim, segurando-me pela cintura,para que eu não fugisse, eu não fugiria por nada, por nada mesmo. Eu estava atenta, curiosa e cautelosa, não sabia que passo tomar,o que fazer, mas estar ali já era o suficiente. Minha mão direita arranhava-lhe as costas por dentro da camisa, estava na hora de tirá-la, isso!. - Vamos começar pela camisa. - Girei de volta pra onde estávamos ficando por cima,sorri desafiadora,cheia de segundas intensões.

Meus dedos deslizaram pelos botões da camisa, eram oito. No primeiro eu exitei meio segundo até desabotoá-lo, no segundo e no terceiro eu parecia com pressa, de certa forma estava ... ou não, no quarto e no quinto foi demorado, algumas vezes eu me aproximava dele e o beijava lentamente. Sobrara apenas três botões, no sexto, eu não tirara os olhos dele, desabotoei sem nem olhar o botão, estava realmente com pressa,ou distraída demais o que se repetiu nos demais botões. Retirei-lhe a camisa, o vento lá fora entrou no quarto sem pedir nenhum permissão, fez-me sentir um arrepio e desejá-lo mais ainda. Me aproximei de seu rosto, desviei meu caminho parando em seu pescoço, dei-lhe dois beijos antes de lhe morder levemente. - Então prove que é só meu agora. - Sussurrei baixo próximo a sua orelha, antes de lhe morder novamente, dessa vez mais fraco e logo após beijar-lhe de novo.

Estando com ele eu não pensava em mais nada, mas ninguém. Não pensava nas consequências, muito menos em coisas ruins, só pensava nele e era o que eu precisava, dele e só dele, de mais nada e demais ninguém. Talvez eu estivesse sendo precipitada demais, talvez boba demais, mas naquela altura eu não me importava com nada nem ninguém a não ser ele, a não ser nós, a não ser estar ali mais e mais e não ir embora nunca, mesmo eu sabendo que uma hora ou outra seria preciso.

-Serei pra sempre sua, tem alguma dúvida disso ainda? - Minhas palavras saíram lentas e doces, eu seria sempre dele, mesmo que fosse contra minha vontade, mas não era, eu queria sua companhia, seu ser, seu tudo só pre mim e pra mais ninguém, principalmente aquela peruas anoréxicas da Capital. Nossos corpos estavam quentes, tudo parecia mais intenso do que precisava ser, mas eu preferia assim. Parei de beijá-lo por um momento olhando-o nos olhos. - Você não tem medo ou ânsia sei lá do que vão falar da gente? - Sorri selando meus lábios aos dele instantes depois em um beijo calmo. - Ah! - Me levantei de seu colo e terminei de tirar o vestido, arrumei o cabelo que caía sobre o rosto. - Você é um péssimo exemplo pra mim Shan! - Minha voz saiu baixa mas ele ouviria, em aproximei alguns passos ficando em pé na frente dele, o empurrei de leve na cama fazendo-o cair. - Eu amo péssimos exemplos. - Sorri outra vez baixinho, subi sobre ele, a luz da lua o deixava mais bonito do que era, como se fosse mesmo possível. - Como amo ... - Nossos rostos estavam quase colados, eu podia sentir sua respiração, por fim o beijei novamente, em alguns instantes o beijo terno se transformou em algo selvagem e intenso.